sexta-feira, 24 de abril de 2015

Resenha: Mar da Tranquilidade





Título: Mar da Tranquilidade
Livro Único.
Autora: Katja Millay
Páginas: 368
Ano: 2014
Comprar: Saraiva // Submarino


SinopseNastya Kashnikov foi privada daquilo que mais amava e perdeu sua voz e a própria identidade. Agora, dois anos e meio depois, ela se muda para outra cidade, determinada a manter seu passado em segredo e a não deixar ninguém se aproximar.
Mas seus planos vão por água abaixo quando encontra um garoto que parece tão antissocial quanto ela. É como se Josh Bennett tivesse um campo de força ao seu redor. Ninguém se aproxima dele, e isso faz com que Nastya fique intrigada, inexplicavelmente atraída por ele.
A história de Josh não é segredo para ninguém. Todas as pessoas que ele amou foram arrancadas prematuramente de sua vida. Agora, aos 17 anos, não restou ninguém. Quando o seu nome é sinônimo de morte, é natural que todos o deixem em paz. Todos menos seu melhor amigo e Nastya, que aos poucos vai se introduzindo em todos os aspectos de sua vida. 
À medida que a inegável atração entre os dois fica mais forte, Josh começa a questionar se algum dia descobrirá os segredos que Nastya esconde – ou se é isso mesmo que ele quer.
Eleito um dos melhores livros de 2013 pelo School Library Journal, Mar da Tranquilidade é uma história rica e intensa, construída de forma magistral. Seus personagens parecem saltar do papel e, assim como na vida, ninguém é o que aparenta à primeira vista. Um livro bonito e poético sobre companheirismo, amizade e o milagre das segundas chances.


Os Protagonistas: Natsya e Josh são tão reais que é cruel. É devastador. Porque você se envolve. E não falo isso só por mim, li muitas resenhas antes de conseguir escrever essa, e quase todas tiveram a mesma opinião. Não é apenas como se você conhece os personagens. É como se você estivesse na pele deles.
Me envolveu de tal forma, que me vi sentindo exatamente aquilo que os personagens sentiam. E não apenas os protagonistas, todos eles. Senti dor, raiva, mágoa, frustração, decepção... A força com a qual esse livro me atingiu e a confusão de sentimentos que gerou em mim me desestabilizaram completamente. É perturbador. Deliciosamente perturbador. 


A Trama: Não acho que adiantar aspectos da trama trará algum benefício para quem vai ler esse livro, e por isso não o farei. Eu fui curiosa e me arrependi amargamente por ter espiado as últimas páginas. Então, me limitarei, aqui, a dizer o que acredito ser realmente relevante.
Não lembro de ter lido outro livro tão bem pensado quanto esse. A história inteira é interligadaCada frase, cada pequena letrinha tem um porquê que será explicado mais para frente
O livro inteiro nos traz dicas de cada coisa que será revelada, e quando elas o são, tudo é tão natural, que temos a sensação de que a informação sempre esteve ali. Apenas não tivemos olhos para enchergá-la antes. 

Com uma narrativa angustiante e misteriosa – repleta de segredos e reflexões sociais – a autora Katja Millay me fisgou logo nas primeiras páginas de sua história. Sou apaixonada por um bom drama juvenil, ainda mais os que fogem do clichê ao narrar sentimentos conflitantes e naturalmente dolorosos, entretanto a verdade por trás dessa obra me chocou como nenhum outro livro havia feito. A narrativa é conduzida por um grande mistério, um acontecimento que modificou completamente a vida da protagonista, enchendo-a de amargura, solidão e ódio. E o que surpreende é a riqueza de detalhes com os quais esses sentimentos são descritos, fato que torna a leitura desesperadamente real, do tipo que penetra no coração do leitor e o faz experimentar as mais diversas e nauseantes sensações. Em Mar da Tranquilidade a vingança nunca pareceu tão tentadora, a raiva tão necessária, e o perdão tão libertador.


Pessoas que nunca passaram por merda nenhuma sempre acham que sabem como você deve reagir ao fato de sua vida ter sido destruída. E aquelas que passaram por situações complicadas acreditam que você deveria lidar com as dificuldades do mesmo jeito que elas. Como se existisse um roteiro preestabelecido para sobreviver ao inferno.